PIB do agronegócio de Minas Gerais é estimado em R$ 177,1 bilhões para 2021
A Fundação João Pinheiro divulgou nesta quarta-feira, 18 de maio, a primeira estimativa do PIB do agronegócio de Minas Gerais para 2021. O resultado de R$ 177,1 bilhões foi anunciado durante evento transmitido ao vivo pelo YouTube, e a análise da trajetória de crescimento do setor nos últimos anos foi apresentada por pesquisadores da FJP e pelo professor convidado Ricardo Kureski, do Ipardes/PUC PR.
Após permanecer no patamar dos R$ 110 bilhões no triênio 2016-2018, o PIB do agronegócio mineiro expandiu-se para R$ 114,1 bilhões em 2019 e R$ 150,0 bilhões em 2020. Em 2021, a variação de volume produzido foi de -2,8%, compensada pela variação de 21,5% no nível geral de preços de todo o complexo produtivo.
Em 2019, o nível de preços agregado do agronegócio teve variação negativa (-1,8%) pelo terceiro ano consecutivo, mas, naquele ano, não compensou totalmente o crescimento real de 4,9% da produção. Em 2020, tanto a produção quanto os preços dos produtos primários evoluíram favoravelmente. Com isso, o núcleo do complexo produtivo do agronegócio de Minas Gerais – agricultura, pecuária e produção florestal – foi afetado positivamente pelo aumento do volume ofertado e dos preços das principais commodities agropecuárias.
Paralelamente, o aumento da demanda por produtos alimentícios no mercado mundial e o crescimento das exportações de 15,2% no período 2019/2020 e de 12,5% entre 2020 e 2021 transbordaram para os segmentos locais da agroindústria e dos serviços correlatos no Brasil e em Minas Gerais.
Em 2021, praticamente não houve alteração no nível agregado de produção na agroindústria e nos serviços correlatos ao agronegócio mineiro, com variação de -0,3% no índice de volume. A trajetória de aumento dos preços, entretanto, acelerou de uma variação positiva de 7,4% em 2020 para 13,2% em 2021 (em relação ao ano anterior).
Em 2012, a mudança de patamar do volume de VAB na agropecuária não foi acompanhada por alteração correspondente no volume do PIB gerado na agroindústria e nos serviços correlatos. No ano, além do impulso regular relacionado à alta da produtividade no ciclo bianual do café arábica em anos pares, houve uma expansão atípica da escala de atuação da produção florestal.
À exceção desse episódio, os dados apresentados reforçam a forte integração entre os diversos elos do setor, especialmente quando se observa a trajetória do índice de volume acumulado ao longo do período 2015-2021. Em 2021, o PIB do agronegócio mineiro manteve o ganho de participação na economia estadual obtido no ano anterior, o que confirma nova mudança de patamar, de aproximadamente 18% no biênio 2018-19 para cerca de 22% em 2020-21.
Para o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, o desempenho demonstra que o setor agropecuário mineiro está evoluindo cada vez mais com o auxílio de novas tecnologias e atendendo a uma demanda crescente no mundo. “A valorização das commodities agrícolas contribui para este resultado, assim como o aumento da produção. O resultado evidencia a importância e pujança do agronegócio, responsável por 22% do PIB estadual, para a economia de Minas Gerais”, avalia.
Exportações – A agroindústria aumentou de US$ 3,1 para US$ 3,7 milhões o valor das exportações de 2020 para 2021 e a agropecuária, de US$ 5,6 para US$ 6,7 milhões no mesmo período. Naquele ano, a participação do agronegócio nas exportações de Minas Gerais saltou de 27,8% para 33,2%.
Segundo a pesquisadora Maria Aparecida Sales, da FJP, esse crescimento foi influenciado por diversos fatores. “Podemos destacar a valorização das commodities, o aquecimento da demanda mundial, sobretudo de alimentos, a recuperação de importantes parceiros comerciais em 2021, como a China, Estados Unidos e alguns países da União Europeia, e a desvalorização do Real, que tornou as exportações mais baratas”, afirma.
Metodologia – “A cadeia produtiva do agronegócio que foi construída para fazer o cálculo do PIB de Minas Gerais leva em consideração tanto as relações intersetoriais, olhando para os fornecedores de insumos das atividades principais, que chamamos de núcleo – agricultura, pecuária e exploração florestal – quanto as atividades que vêm à jusante, ou seja, aquelas que vão elaborar esses produtos da atividade núcleo”, explica a pesquisadora da FJP Carla Aguilar. “À montante, temos os defensivos, fertilizantes e adubos e ainda as máquinas e implementos agrícolas, que algumas metodologias não consideram. À jusante, temos a agroindústria, com os laticínios, têxtil, vestuário, calçados, papel e celulose e os serviços, que são comércio, transporte, informações financeiras e serviços prestados às empresas”, esclarece.
A publicação PIB do Agronegócio de Minas Gerais com Referência na Matriz Insumo-Produto 2016 e Série Anual no Período 2010-2019 traz a metodologia desenvolvida pela FJP e está disponível no site da Fundação João Pinheiro.