PIB de Minas Gerais em 2020 é estimado em R$ 667,1 bilhões

Economia estadual registra retração de 3,9%. Setor agropecuário, no entanto, tem expansão de 11,2%

O resultado relativamente positivo no desempenho da economia mineira nos dois últimos trimestres de 2020 foi insuficiente para compensar a perda no produto agregado ocorrida no primeiro e, principalmente, no segundo trimestre do ano. Com isso, o volume do PIB de Minas Gerais reduziu-se 3,9% em 2020, em comparação com 2019, com estimativa anual inicial de totalizar R$ 667,1 bilhões em 2020.

Os resultados foram apresentados pela Fundação João Pinheiro nesta segunda, 15, e são parte do informativo Contas Regionais: PIB-MG 4º trimestre de 2020.

No quarto trimestre do ano, houve desaceleração no ritmo de crescimento em relação ao trimestre anterior para 3,2% em Minas Gerais, tendo em vista que isso ocorreu em relação a uma base de comparação mais elevada (o terceiro trimestre), após um recuo muito profundo da atividade econômica em abril, maio e junho.

Setores – O ano de 2020 foi excepcional para a atividade agropecuária no território mineiro. A expansão de 11,2% em relação a 2019 foi resultado de dois fatores: um aumento substancial nos preços das principais commodities agrícolas ao longo ano e o crescimento da produção agropecuária.  No acumulado do ano, a agropecuária foi a única atividade que contabilizou crescimento em Minas Gerais. “Nós esperávamos que a agropecuária tivesse resultado positivo, mas certamente foi muito além dessas expectativas”, observa o coordenador de Contas Regionais de Minas Gerais na FJP Raimundo Leal.

“A queda do nível de atividade produtiva em 2020 afetou de maneira mais substancial as atividades terciárias e, particularmente, aquelas que dependem do deslocamento e da movimentação das pessoas”, explica.

“Com isso, o agrupamento dos outros serviços foi o conjunto de atividades econômicas mais afetado pela pandemia em 2020. O volume de VAB desse grupo se retraiu 5,3% em Minas Gerais no acumulado do ano”, afirma Leal. As atividades mais afetadas no grupo dos outros serviços foram os serviços prestados às famílias, os serviços domésticos, os serviços de hospedagem e alimentação fora dos domicílios (bares e restaurantes) e as atividades turísticas.

Da mesma forma, o isolamento social resultou na queda de 4,6% no volume de VAB da administração pública em Minas Gerais, principalmente em decorrência da retração ocorrida no volume da saúde pública, causada pela diminuição na quantidade de procedimentos clínicos, cirúrgicos e de finalidade diagnóstica adiados (ou suspensos) em razão da Covid-19 ao longo do ano. A redução nos serviços de transporte de passageiros, sobretudo o aeroviário, foi o principal determinante para a retração do segmento (-2,8%).

No comércio, o volume de VAB retraiu-se 2,4% em Minas Gerais, resultado que pode ser creditado, principalmente, à inflexão no volume de vendas de livros, jornais, revistas e papelarias, de tecidos, vestuário e calçados e de combustíveis, segmentos que, direta ou indiretamente, dependem da circulação de pessoas.

Na indústria, a extrativa mineral foi a atividade com a maior queda no volume de VAB (-8,4%) em Minas Gerais em 2020. “Esse resultado reflete o peso do primeiro trimestre de 2019, com desempenho bem acima do consolidado nos sete trimestres seguintes, na base de comparação para o cálculo da variação no acumulado dos dois anos”, observa Leal. A indústria de transformação recuou 2,3% no acumulado do ano, principalmente por causa da retração na produção dos segmentos da cadeia metalomecânica no segundo trimestre do ano, sobretudo de automóveis, produtos de metal e metalurgia.

“O bom resultado da indústria de transformação no 3º trimestre de 2020 se manteve no 4º trimestre. O crescimento foi muito em função da recuperação da indústria têxtil e de calçados, que cresceu 19,8%”, explica o pesquisador da FJP Thiago Almeida.

A construção civil registrou decréscimo de 3,1% no volume de VAB na economia estadual, com redução menor do nível de atividade setorial no estado associada à continuidade na realização de obras de infraestrutura ao longo do ano, sobretudo de estradas e rodovias.

A atividade de energia e saneamento apresentou queda de 1,4% no volume de VAB em Minas Gerais no ano de 2020. “Apesar da evolução favorável na geração elétrica, o resultado anual negativo foi ocasionado pela queda no consumo de gás e, principalmente, pela inflexão no consumo de energia elétrica empresarial decorrente das paralisações ocorridas em vista da pandemia”, ressalta Almeida.