FJP apresenta perfil socioeconômico da região de Juiz de Fora

No evento, pesquisadores analisaram dados relativos aos 146 municípios que compõe a Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Juiz de Fora

A Fundação João Pinheiro realizou, na quinta-feira, 29 de julho, o webinar Compreendendo as Características Socioeconômicas da Região Geográfica Intermediária de Juiz de Fora. Esse foi o sexto de uma série de 13 eventos dedicados à apresentação da situação social e econômica das regiões mineiras. Realizada em parceria com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e a Associação Mineira de Municípios (AMM), esta edição da série contou com as participações dos convidados Regina Magalhães (ALMG) e do professor Lourival Batista de Oliveira Júnior, da Universidade Federal de Juiz de Fora e do Conselho Regional de Economia (Corecon MG).

A Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Juiz de Fora é composta por 146 municípios que somam 38.936,45 quilômetros quadrados (6,64% da área total de Minas Gerais).

Aspectos sociais – A participação relativa da população da RGInt de Juiz de Fora no total da população do estado era de 11,2% (2,2 milhões de habitantes) de acordo com o último censo demográfico brasileiro (2010). Em termos populacionais, a região era a segunda entre as 13 RGInt de Minas Gerais, atrás apenas de Belo Horizonte. No entanto, o tamanho da população da RGInt é diretamente relacionado ao número elevado de municípios e não à taxa de crescimento populacional, que não alcançou o patamar de 1% ao ano entre 2000 e 2010.

De acordo com o Índice Mineiro de Responsabilidade social, a situação da RGInt é melhor do que a do estado na dimensão segurança pública e pior na dimensão educação. Nas dimensões saúde, saneamento/meio ambiente e cultura/esporte, a situação é próxima à do estado.

“Para ver a situação real, é preciso abrir o indicador. Quando abrimos o IMRS, vemos o comportamento de Minas Gerais replicar o do Brasil, com pobreza mais acima, mas quando a gente abre esses indicadores é que vemos a situação de cada localidade”, observou Regina Magalhães (ALMG). “Essa plataforma do IMRS é um tesouro nas mãos dos gestores públicos e precisa ser aproveitada”, completou.

Saneamento – Na RGInt de Juiz de Fora, 68% dos municípios possuem entre 90,01 e 100% de cobertura urbana de água. Desses, 41 (28,1%) têm 100% de cobertura. O atendimento de coleta de esgoto com cobertura acima de 80% chega a 71 municípios (49%) da RGInt, sendo que 48 municípios têm 100% de cobertura desse serviço.

Em relação ao tratamento do esgoto coletado 94 municípios têm atendimento entre 0% e 20% e apenas dois possuem atendimento acima de 80% de esgoto coletado tratado. Para a destinação final de resíduos sólidos urbanos na RGInt de Juiz de Fora, 85 dos 146 municípios da região (58,2%) têm destinação ambientalmente correta.

Atividade econômica – A contribuição da RGInt de Juiz de Fora para o PIB estadual decresceu de 7,9% em 2010 para 7,6% em 2013, expandiu-se para 8,2% em 2016 e decresceu novamente para 7,9% em 2018. No intervalo entre 2010 e 2018, ocorreram mudanças expressivas na composição setorial da produção e no peso da economia da RGInt de Juiz de Fora para o total estadual: a contribuição regional para o VAB da indústria estadual oscilou de 6,2% em 2010 para 5,5% em 2013 e, daí, para 6,2% em 2016 e novamente 5,5% em 2018. A contribuição regional para o VAB do comércio e demais serviços privados oscilou de 8,3% em 2010 para 8,2% em 2013, 8,6% em 2016 e 8,4% em 2018.

A agropecuária também é uma atividade com participação expressiva da RGInt na economia estadual: 8,7% em 2010, 8,0% em 2013, 8,1% em 2016 e 7,6% em 2018. Na administração pública, houve forte estabilidade na participação da RGInt no período considerado: 10,9% em 2010 e 10,8% nos demais anos.

PIB per capita – Em valores correntes, o PIB per capita de Minas Gerais evoluiu de R$ 17,9 mil em 2010 para R$ 23,7 mil em 2013, R$ 25,9 mil em 2016 e R$ 29,2 mil em 2018. Na RGInt de Juiz de Fora, ele o fez de R$ 12,6 mil para, respectivamente, R$ 16,2 mil, R$ 19,0 mil e R$ 20,8 mil. Em termos proporcionais, o PIB per capita regional correspondia a 70,4% da média estadual no início do período considerado, em 2010; a 68,2% no final da primeira fase, em 2013; a 73,3% no final da segunda fase, em 2016; e a 71,0% no final do período, em 2018.

Exportações – Em 2020, as exportações estaduais registraram crescimento de 4,3%. Nesse período, as exportações dos municípios que compõem a RGInt de Juiz de Fora tiveram expansão de 4,7%, impulsionadas pelas exportações de café. A participação das exportações dos municípios da RGInt de Juiz de Fora correspondeu a 3,3% do total, praticamente igual à registrada em 2019 (3,2%). Em média, no período de 2010 a 2020, a participação da RGInt nas exportações foi de aproximadamente 2,7%.

Além do café, que representou 73,8% do total da pauta de exportação da RGInt, ferro fundido, ferro e aço e carnes e miudezas completam o grupo dos quatro principais produtos exportados. Ferro fundido, ferro e aço perderam participação (-2,3%) e registraram 2,8% do total em 2020, com queda expressiva tanto de valor (-41,6%) quanto de volume (-30,6%). No caso das carnes e miudezas, registrou-se aumento substancial de valor (41,3%) e de volume (29,2%), superando a participação de ferro fundido, tendo alcançado 3,5% do total.

No fechamento do evento, o professor da UFJF Lourival Batista de Oliveira Júnior destacou a riqueza do trabalho elaborado pela FJP. “Pelo lado do setor público, pode ser feita uma série de tomadas de decisão e de políticas públicas. A Fundação João Pinheiro mostra claramente que tipo de trabalho deve ser feito, que rumos devem ser tomados. Espero que os prefeitos possam se valer disso”, afirmou.