PIB do agronegócio de Minas Gerais alcançou R$ 205 bi em 2022

Fundação João Pinheiro apresenta estimativas em evento conjunto com Seapa e Faemg; instituição também detalha valores revisados do período 2019-2021

Em 2022, o PIB do agronegócio mineiro registrou variação de 6,3% no volume produzido, atingindo a maior participação no total do PIB do estado observada na série histórica produzida pela Fundação João Pinheiro (FJP) para o período 2010-2022. Com o desempenho positivo, o montante alcançado no ano passado somou R$ 205,0 bilhões, valor que representa 22,2% do PIB total do estado, estimado em R$ 924,7 bilhões.

Os números fazem parte da apresentação desta terça-feira (23/5), pela FJP, em evento realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). O governador Romeu Zema acompanha de perto o detalhamento dos resultados. 

Revisão

A metodologia criada pela FJP para o cálculo do PIB do agronegócio tinha como base, inicialmente, a Tabela de Recursos e Usos (TRU), instrumento que apresenta os fluxos de oferta e demanda gerados pelas atividades econômicas, e a Matriz Insumo-Produto (MIP), que retrata a economia a partir dos dados da TRU, ano de referência 2013. 

Em sua atualização mais recente, a MIP de 2019 passou a ser utilizada e os resultados do período 2019-2021 foram revisados. 

Além da desagregação entre as três atividades básicas (agricultura, pecuária e produção florestal), essas atividades foram decompostas entre os quatro agregados econômicos da cadeia produtiva do setor: fornecimento de insumos, atividade núcleo, agroindústrias e serviços relacionados ao agro. 

Também calculado com base na MIP 2019, o estudo referente a 2022 apresenta as estimativas anuais para o conjunto da cadeia produtiva do agronegócio, seu núcleo e a soma de seus elos na agroindústria e nos serviços relacionados.

Evolução

Após ter permanecido em torno de R$ 110 bilhões no triênio 2016-2018, o PIB do agronegócio, calculado a preços correntes, registrou os valores de R$ 117,3 bilhões em 2019, R$ 147,8 bilhões em 2020, R$ 167,0 bilhões em 2021, chegando aos R$ 205,0 bilhões em 2022. 

A evolução favorável no período 2019-2022 pode ser melhor compreendida a partir da segregação dos resultados do PIB do agronegócio nos seus dois componentes principais: no núcleo desse complexo produtivo, o Valor Adicionado Bruto (VAB) das atividades primárias (agricultura, pecuária e produção florestal), ou seja, o valor que as atividades agregam aos bens e serviços consumidos em seu processo produtivo, e, no entorno desse núcleo, o PIB da agroindústria e dos serviços relacionados. 

Como os preços e as quantidades dos produtos primários estão sujeitos a maior instabilidade em comparação aos produtos processados na agroindústria e nos serviços relacionados, a estimativa para o índice de volume do VAB da agropecuária estadual apresentou expansão de 9,7% em 2022. Por sua vez, o crescimento estimado para os preços no núcleo do complexo foi de 12,7%.  

PIB real

O PIB real mede o volume físico dos produtos e serviços e considera os preços constantes em um determinado período, desprezando os efeitos da inflação ou deflação em seu cálculo. Por essa ótica, a evolução dos componentes do PIB real do agronegócio mineiro evidencia a força da ligação intersetorial entre as atividades industriais e os serviços relacionados com a produção do setor primário, com o volume de produção do núcleo puxando a oferta dos fornecedores da cadeia produtiva e estimulando o processamento, o transporte e a comercialização das matérias-primas e dos produtos acabados. 

Em 2020, por exemplo, mesmo com o cenário dominante de retração no conjunto da economia estadual, o excelente desempenho da produção no núcleo do agronegócio transbordou para o entorno, que teve crescimento real de 7,0%. 

No ano seguinte, 2021, o cenário se inverteu com a recuperação do PIB de Minas Gerais e a ocorrência de estiagens prolongadas e geadas em algumas regiões do estado, o que prejudicou o agronegócio como um todo. Nesse cenário, o desempenho do núcleo, já comprometido pelo ciclo bianual da produtividade do café, foi ainda mais prejudicado pela redução do volume produzido de leite, cana-de-açúcar, milho e feijão. Essa ligação ajuda a explicar a estimativa de variação negativa de -3,0% para a agroindústria e serviços relacionados naquele ano. 

Já em 2022, houve continuidade do crescimento do PIB real de Minas Gerais, mas a forte expansão do VAB da agropecuária (9,7% em termos reais) contribuiu para a variação positiva, de 4,9%, do PIB real da agroindústria e dos serviços relacionados.

Valor nominal

Em termos de valor nominal, ou seja, do valor expresso aos preços correntes vigentes no período de referência, a variação dos preços das matérias-primas também costuma ser parcialmente repassada para os preços dos produtos acabados. Assim, tanto a evolução do volume produzido quanto a dos preços no entorno do agronegócio apresentam uma forte ligação com a do núcleo. Prova disso, no triênio mais recente, quando os preços dos bens primários evoluíram muito favoravelmente, os preços no entorno apresentaram variações anuais acima de dois dígitos: 10,9% em 2020; 12,7% em 2021 e 16,6% em 2022.

Esses movimentos nos volumes produzidos e nos preços implicaram rápido crescimento do PIB nominal no entorno do complexo produtivo do agronegócio mineiro: de R$ 90,9 bilhões em 2019 para R$ 107,9 bilhões em 2020, R$ 118,0 bilhões em 2021 e R$ 144,3 bilhões em 2022.

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