PIB de Minas Gerais permanece estável no primeiro trimestre de 2019
O Produto Interno Bruto (PIB) gerado na economia de Minas Gerais, nos doze meses completados em março de 2019, foi 1,0% superior, em termos reais, em comparação com o período imediatamente anterior. Esse resultado foi ligeiramente superior ao crescimento estimado pelo IBGE para a economia brasileira no mesmo período, de 0,9%.
Os dados fazem parte do estudo “Indicadores FJP: PIB Trimestral de Minas Gerais – 1° Trimestre/2019”, publicado pela Fundação João Pinheiro (FJP) nesta sexta-feira, 5 de julho, no site da instituição.
Tanto para Minas Gerais, quanto para o país, os dados relativos ao desempenho da economia indicam que a recuperação iniciada em 2017 perdeu alento ao longo do ano passado, ameaçando retroceder ou evoluir para uma situação de estagnação econômica. De fato, o resultado do PIB de Minas Gerais no primeiro trimestre de 2019 indica que a atividade econômica apresentou estabilidade na análise da série com ajuste sazonal. De acordo com dados divulgados pelo IBGE, o PIB brasileiro, para o mesmo período e ótica de comparação, diminuiu -0,2%.
Agropecuária – Nas atividades do setor agropecuário houve expansão de 0,4% em Minas Gerais, no primeiro trimestre de 2019, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Como a cesta de produtos colhidos nos meses de janeiro, fevereiro e março se diferencia do conjunto de culturas cuja colheita aconteceu no final do ano, a comparação entre as safras fica mais evidente no confronto com o mesmo período de 2018. Nessa mesma ótica, a agropecuária mineira expandiu 7,2%. No Brasil, ao contrário, o setor apresentou resultados desfavoráveis, recuando -0,1% na comparação trimestre contra mesmo trimestre do ano anterior.
O aumento na quantidade produzida de algumas culturas importantes para o resultado do primeiro trimestre em Minas Gerais, como a primeira safra da batata-inglesa e de algodão herbáceo, foi fundamental para compreender a taxa observada. Em âmbito nacional, a inflexão na produção de soja em grão e de arroz em casca ajuda a entender o desempenho negativo do setor.
Indústria – A queda de volume do valor adicionado na indústria mineira (-1,9%) foi mais intensa do que a observada para o país (-0,7%) na análise da série com ajuste sazonal. Em Minas Gerais, a retração significativa do setor esteve associada à paralisação das atividades de extração de minério de ferro em Brumadinho, e do acompanhamento mais rigoroso das demais barragens com interrupção da operação.
de várias minas. Com isso, a indústria extrativa estadual recuou -20,6% no primeiro trimestre de 2019 em relação ao trimestre imediatamente anterior e -13,3% em relação aos três meses iniciais de 2018.
Por outro lado, houve recomposição parcial no volume útil hidrológico dos reservatórios estaduais e expansão da geração hidroelétrica estadual, o que contribuiu para o incremento de 9,9% no volume de valor adicionado pelo segmento de energia e saneamento em Minas Gerais.
A indústria de transformação (-0,4%) e a construção civil (-0,3%) também apresentaram retração no volume de produção estadual na série dessazonalizada. Vale notar, entretanto, que isso ocorreu com retração menos acentuada do que a observada no contexto nacional.
Embora a indústria manufatureira tenha recuado na série com ajuste sazonal em Minas Gerais, na comparação do primeiro trimestre de 2019 com o mesmo trimestre do ano passado houve incremento de 1,0% no volume produzido no estado. Nesta base de comparação, destacou-se o aumento da quantidade produzida de bebidas, de produtos de metal e de máquinas e equipamentos. Em contrapartida, houve diminuição da produção da fabricação de fumo, de produtos têxteis, de veículos automotores e de produtos químicos.
Serviços – Nos serviços, houve variação positiva de 0,4% em Minas Gerais e de 0,2% em âmbito nacional na série dessazonalizada. Tanto para a economia mineira quanto para a nacional, o desempenho positivo da administração pública (crescimento do volume de valor adicionado de 0,9% em Minas Gerais e de 0,3% no Brasil) e do conjunto agregado dos “outros serviços”* (0,3% de expansão nas duas regiões) foi determinante para o resultado positivo.
Por outro lado, houve inflexão mais significativa em Minas Gerais nas margens de comércio (-0,6%) nessa ótica de comparação (trimestre contra trimestre imediatamente anterior).
* Outros serviços: serviços de alojamento e alimentação, serviços de informação e comunicação, atividades de intermediação financeira, serviços prestados às empresas, educação e saúde privada, serviços domésticos, serviços prestados às famílias e atividades imobiliárias.
Valores Correntes – Com a conclusão dos aperfeiçoamentos metodológicos no cálculo do PIB trimestral de Minas Gerais, que se tornou plenamente integrado ao Sistema de Contas Regionais na referência 2010, passou a ser possível a divulgação dos valores correntes setoriais do valor adicionado bruto (agropecuária, indústria e serviços) e do PIB mineiro a partir do novo ano de referência (2010).
No primeiro trimestre de 2019, a estimativa preliminar para o PIB de Minas Gerais totalizou R$ 146,1 bilhões. O valor adicionado da agropecuária foi estimado em R$ 6,7 bilhões; o da indústria, em R$ 31,0 bilhões; e o dos serviços, em R$ 89,7 bilhões, totalizando R$ 127,4 bilhões de valor adicionado bruto em termos nominais.
Tabela 2: Produto Interno Bruto e Valor Adicionado das Atividades Econômicas – Valores Correntes (R$ 1.000.000) – Minas Gerais – 1° Trimestre/2010-1º Trimestre/2019
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI), Núcleo de Contas Regionais.
Nota: (1) Os resultados trimestrais para os valores correntes de 2017, 2018 e do primeiro trimestre de 2019 permanecem como preliminares até a divulgação das pesquisas estruturais do IBGE e sua incorporação pelo Sistema de Contas Regionais (SCR-MG).
Considerações metodológicas
A Fundação João Pinheiro (FJP), por meio da Diretoria de Estatística e Informações (DIREI), apresenta neste relatório os resultados comentados do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais. O PIB trimestral de Minas Gerais é calculado pela FJP com metodologia própria e os resultados são preliminares e, naturalmente, sujeitos a revisão. Os cálculos são sempre revistos com dois ajustes principais: 1) atualização da estrutura de ponderação das atividades econômicas no valor adicionado da economia do Estado; e 2) substituição de projeções ou valores preliminares nas séries de dados primários utilizados no cômputo do PIB trimestral por valores consolidados.
Os procedimentos de revisão são semelhantes aos adotados pelo IBGE no que diz respeito às Contas Nacionais Trimestrais, e os resultados definitivos são divulgados usualmente com defasagem de dois anos. Em novembro de 2016, a Fundação João Pinheiro, em parceria com o IBGE, divulgou a retropolação na nova metodologia (referência 2010) em razão de alterações nas Contas Nacionais com impactos nas Contas Regionais (em virtude das novas recomendações internacionais).
Como parte da inclusão dos dados retropolados e da reestruturação metodológica, o segmento das Atividades Imobiliárias e de Aluguéis passaram a compor o agrupamento de Outros Serviços do Sistema de Contas Trimestrais de Minas Gerais. O ajuste sazonal passa a ser realizado com o software X-13-ARIMA-SEATS (uma atualização mais recente do software anteriormente utilizado, o X-12-ARIMA-WIN X12). Essa atualização foi feita por que as Contas Nacionais Trimestrais também incorporaram o X-13-ARIMA-SEATS no processo de ajustamento sazonal. A principal alteração foi no número de pontos estimados pelo modelo para frente: passa a se estimar seis pontos para frente e nenhum para trás conforme o seguinte comando: forecast {maxlead=6; maxback=0}.
Os resultados de 2017, 2018 e do primeiro trimestre de 2019 permanecem como preliminares até a divulgação das pesquisas estruturais do IBGE, sua incorporação pelo Sistema de Contas Regionais (SCR-MG) e atualização no Sistema de Contas Trimestrais de Minas Gerais (SCT-MG).