Fundação João Pinheiro divulga análise sobre o mercado de trabalho mineiro no primeiro trimestre de 2020

A taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2020 em Minas Gerais foi de 11,5% e a do Brasil, de 12,2%. Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnadc-T), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram analisados pela Fundação João Pinheiro (FJP) e divulgados nesta quarta-feira (20/5) no informativo Estudos Populacionais: Mercado de Trabalho – Emprego e Renda – Pnad 1º trimestre 2020.

Estimou-se que o contingente desocupado em Minas Gerais tenha chegado a 1,283 milhão de pessoas, elevação de 19,8% (212 mil pessoas) em comparação ao trimestre imediatamente anterior, e de 3,9% em relação ao mesmo trimestre de 2019.

O pico da série se deu no quarto trimestre de 2016 e, de lá em diante, vinha se observando decréscimos, ainda que tímidos, na taxa geral de desocupação, tanto regional quanto nacional. Embora o impacto da pandemia da Covid-19 tenha começado a ser sentido nos últimos dias de março, o resultado do primeiro trimestre está longe de refletir as consequências da forte contração econômica e seus impactos sobre o emprego e a renda.

A alta da taxa de desocupação resultou da destruição líquida de 381 mil postos de trabalho (força de trabalho ocupada) concomitante à saída de 169 mil pessoas do contingente das pessoas economicamente ativas (PEA) do mercado de trabalho. Em comparação à média nacional, a taxa de desocupação em Minas Gerais, a partir do primeiro trimestre de 2016, vem se mantendo em níveis mais baixos.

Entre as 27 unidades da Federação do Brasil, Minas Gerais ficou na 17a posição no ranking decrescente das taxas de desocupação. Os estados com as menores taxas foram Paraná (7,9%), Mato Grosso do Sul (7,6%) e Santa Catarina (5,7%) e com as maiores Bahia (18,7%) e Amapá (17,2%).

Desocupação por sexo – No primeiro trimestre de 2020, a taxa de desocupação foi estimada em 10,0% para homens e 13,4% para mulheres. Verifica-se manutenção do maior desemprego entre as mulheres, relativamente aos homens, em todos os períodos, com incremento da desocupação masculina de 2,1% e da feminina de 2,0 % quando comparado ao último trimestre de 2019.

Escolaridade – A taxa de desocupação aumentou para todos os níveis de escolaridade, destacando-se elevado incremento entre os trabalhadores com ensino superior completo, de 4,0%, no quarto trimestre de 2019, para 6,3%, no primeiro trimestre de 2020.

Grupos etários – Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, ressalta-se elevação mais expressiva da taxa de desocupação dos jovens com idade entre 14 e 17 anos (4,6 %) e 18 e 24 anos (1,5 %). Esses dois grupos também apresentaram alta em comparação ao trimestre anterior, de 9,4% e 4,3%, respectivamente.

Cor ou raça – Permaneceu a maior probabilidade de pretos e pardos estarem desocupados, muito embora a maior variação percebida em relação ao trimestre imediatamente anterior tenha ocorrido entre os brancos (23,6%).

Ocupados e posição na ocupação – No primeiro trimestre de 2020, a estimativa do número de ocupados em Minas Gerais foi de 9,8 milhões de pessoas, o que representou queda de 3,7% em relação ao trimestre anterior.

A diminuição no estoque de ocupados não foi homogênea. Em relação ao primeiro trimestre de 2019, houve redução da estimativa de empregados no setor privado com carteira assinada (-30 mil), dos sem carteira assinada (-94 mil) e de trabalhadores familiares auxiliares (-28 mil). Ao mesmo tempo, houve aumento de 102 mil empregados no setor público, 68 mil trabalhadores por conta própria e 6 mil empregadores. Com isso, a proporção de empregados passou de 68,0%, no primeiro trimestre de 2019, para 67,6% da força de trabalho ocupada no primeiro trimestre de 2020. Em direção oposta, destaca-se o aumento da participação dos trabalhadores por conta própria – passou de 24,3% para 24,9%. Além disso, a proporção de empregadores permaneceu relativamente estável, passando de 5,3% para 5,4% no período.

Cenários Covid-19 – A Fundação João Pinheiro tem estimado os impactos da Covid-19 sobre o nível de atividade econômica, os setores produtivos e seus desdobramentos sobre renda, emprego e arrecadação. Os últimos cenários traçados pela instituição indicam que, na economia mineira, o impacto contracionista sobre o mercado de trabalho pode variar de uma perda de 547.013 (cenário otimista) até 921.435 (cenário pessimista) postos de trabalho no ano de 2020. Portanto, aos 212 mil postos de trabalho perdidos no primeiro trimestre, Minas Gerais ainda pode vir a perder até 720 mil, em um cenário mais pessimista. De qualquer forma, nem o cenário mais otimista seria capaz de conter a forte contração que as estimativas sugerem estar por vir.