FJP e Sedese publicam estudo sobre participação feminina no mercado de trabalho mineiro
Nas duas últimas décadas a participação das mulheres no mercado de trabalho de Minas Gerais teve uma evolução lenta, mas constante. No mesmo período, a presença dos homens na força de trabalho estadual se manteve praticamente constante. Em 2020, a retração econômica desencadeada pela pandemia da Covid-19 fez ambas as taxas decrescerem, mas a taxa de participação das mulheres encolheu 3,6 vezes mais do que a dos homens.
As informações são parte da edição especial do Boletim do Mercado de Trabalho Mineiro, publicado na terça-feira, 8/3, pelo Observatório do Trabalho de Minas Gerais em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. As análises apresentadas no documento tiveram como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), para o período de 2001 a 2011, e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), de 2012 a 2021.
No estado de Minas Gerais, a População Economicamente Ativa (PEA) masculina cresceu 2,4 vezes nesses 20 anos, enquanto a feminina aumentou 3,6 vezes. Mesmo assim, os níveis das taxas de ocupação femininas permaneceram muito abaixo das masculinas – em torno de 62%, contra 83%.
Em 2020, primeiro ano da Covid-19 no país, a taxa de participação masculina decresceu 3,0% e a feminina 11,1%, evidenciando o impacto desigual de gênero da pandemia. As restrições incidiram de forma mais contundente nos trabalhos das mulheres, que são maioria nas atividades relacionadas a limpeza, cuidados (crianças e idosos), assistência social, saúde e educação básica. Com isso, em 2021 o retrocesso nas taxas relativas à participação feminina retornou ao patamar alcançado em 2017.
A pesquisadora da FJP, Nícia Raies, explica que o boletim mostra um aspecto importante da inserção das mulheres no mercado, que é o subaproveitamento de sua força de trabalho. “Há espaço para que as mulheres aumentem sua participação na esfera do trabalho remunerado, mas, para isso ocorrer, seria necessária uma atenção maior para a dinâmica das relações de gênero na formulação de políticas que poderiam contribuir para uma redistribuição das tarefas de cuidado não remunerado, para atrair mulheres para áreas científicas e tecnológicas e para criar mecanismos de redução da discriminação, que dificulta o avanço na carreira”, observa.
Observatório do Trabalho – Iniciativa conjunta da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – Sedese, Fundação João Pinheiro – FJP, Fundação Jorge Duprat Figueiredo – Fundacentro-MG e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese, o Observatório do Trabalho produz e dissemina informações técnicas e análises sobre o mercado de trabalho e a situação do emprego em Minas Gerais.