Características socioeconômicas da RGInt de Ipatinga são tema de webinar da FJP
Na tarde desta quinta-feira, 14 de julho, a Fundação João Pinheiro realizou o webinar Compreendendo as Características Socioeconômicas da Região Geográfica Intermediária de Ipatinga, o quinto evento de uma série de 13 que vem apresentando um panorama da situação social e econômica das regiões mineiras. A iniciativa acontece em parceria com a com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e a Associação Mineira de Municípios (AMM) e, nesta edição, contou com o apoio do Cefet/Timóteo.
A Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Ipatinga é formada por 44 municípios, o que corresponde a 5,2% dos municípios de Minas Gerais, e ocupa área territorial de 13.241,06 quilômetros quadrados (2,26 % da área total do estado).
Aspectos sociais – De acordo com o último censo demográfico brasileiro, de 2010, a participação relativa da população da RGInt de Ipatinga no total da população do estado era de 5,0% (978,3 mil habitantes). Entre as 13 RGInt de Minas Gerais, a de Ipatinga ocupava a quinta posição em termos populacionais, atrás das RGInt de Barbacena, Governador Valadares, Uberaba e Patos de Minas.
Essa característica está diretamente relacionada à sua taxa média de crescimento populacional: entre 2000 e 2010, ela foi de 0,95% ao ano; entre 2010 e 2020, em 36,3% dos municípios, as taxas foram negativas e, em 70,4%, foram abaixo de 0,65% por ano – média anual do estado para o mesmo período. “Pelas nossas projeções, o crescimento populacional vai ser cada vez menor. A estimativa para 2040 é que 52% dos municípios da RGInt terão taxas de crescimento negativas”, afirmou o pesquisador Olinto Nogueira. Por outro lado, em alguns municípios, as taxas foram bastante expressivas, como em Piedade de Caratinga (1,8% ao ano) e Santana do Paraíso (2,2% ao ano).
IMRS – De acordo com o Índice Mineiro de Responsabilidade social, a situação da RGInt é bem melhor que a do estado na dimensão educação e encontra-se em pior situação nas dimensões segurança pública, vulnerabilidade e cultura/esporte. Já nas dimensões saúde e saneamento/meio ambiente, a situação da RGInt é muito próxima à do estado.
Para Regina Magalhães, da ALMG, no entanto, é necessário cuidado ao se utilizar médias regionais, analisando sempre o desempenho dos municípios. “Os dados revelam essa questão de ter cuidado com as médias. A média nos traz a região como um todo, mas cada município tem suas especificidades”, observou.
Saneamento – Na RGInt de Ipatinga, 55% dos municípios possuem entre 90,01 e 100% de cobertura urbana de água e o atendimento por rede de esgotamento sanitário com cobertura acima de 80% atende a 50% dos municípios. Apenas os municípios de Jaguaruçu, Ipatinga e São José do Goiabal possuem índice acima de 80% de esgoto coletado sendo tratado. Dos 44 municípios que compõem a RGInt, 23 possuem destinação final de resíduos sólidos urbanos ambientalmente correta. Entre eles, destacam-se Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e João Monlevade.
Atividade econômica – A contribuição da RGInt de Ipatinga para o PIB estadual decresceu de 5,4% em 2010 para 5,2% em 2013 e 4,5% em 2016, tendo recuperado o crescimento para 5,1% em 2018. Durante esse processo, a contribuição regional para o VAB (Valor Adicionado Bruto) da indústria estadual permaneceu relevante do início ao final do período, tendo registrado 7,9% em 2010, 8,3% em 2013, 6,9% em 2016 e 8,6% em 2018.
A contribuição regional para o VAB do comércio e demais serviços privados também oscilou de 4,3% em 2010 para 4,1% em 2013 e 3,9% em 2016, com retorno para 4,1% em 2018. A agropecuária foi a atividade com menor participação da RGInt na economia estadual: 1,8% em 2010, 1,5% em 2013, 1,7% em 2016 e 1,8% em 2018. Na administração pública, houve ligeira perda de participação no período considerado: de 5,0% em 2010 para 4,8% em 2013 e 2016 e 4,7% em 2018. No intervalo entre 2010 e 2018, portanto, ocorreram mudanças expressivas na composição setorial da produção e no peso da economia da RGInt de Ipatinga para o total estadual.
PIB per capita – 25% das cidades da RGInt apresentaram PIB per capita inferior a R$ 5,0 mil em 2010, a R$ 6,8 mil em 2013, a R$ 9,1 mil em 2016 e a R$ 9,9 mil em 2018. Por outro lado, outros 25% registraram valores superiores a, respectivamente, R$ 11,2 mil, R$ 14,9 mil, R$ 16,4 mil e R$ 19,4 mil. Por sua vez, a mediana do PIB per capita da RGInt de Ipatinga evoluiu de R$ 5,7 mil em 2010 para R$ 7,6 mil em 2013, R$ 11,3 mil em 2016 e R$ 11,2 mil em 2018.
Exportações – Em 2020, as exportações estaduais registraram crescimento de 4,3%, mas as exportações dos municípios que compõem a RGInt de Ipatinga sofreram retração de 19%, refletindo a queda das exportações de minérios, ferro fundido e pasta de madeira. No período, a participação das exportações da RGInt de Ipatinga correspondeu a 7,9% do total do estado, segunda menor participação registrada pela RGInt desde 2010, quando sua participação correspondeu a 6,4%.
Os principais produtos exportados foram minério, que alcançou 49,1% em 2020 (aumento de 1,2% em relação a 2019); pasta de madeira, com 25,6% do total das vendas externas da RGInt em 2020 (leve recuo, de 0,5 p.p., em relação ao ano anterior); e ferro fundido, que também registrou queda de valor (-26,3%) e do volume (-12,6%) exportado.
A partir da análise das exportações por classes de intensidade tecnológica, destaca-se que 79,1% dos produtos exportados pela RGInt são de baixa ou média-baixa tecnologia. Na categoria de baixa tecnologia (4,2% do total), estão o café e o mel natural e na média-baixa, destacam-se os minérios e a pasta de madeira. Na média tecnologia, ferro fundido foi o principal representante (20,9% do total) e, entre os bens de média-alta tecnologia (0,06% do total), estavam as máquinas e equipamentos mecânicos, com destaque para os queimadores para alimentação de fornalhas e os fornos industriais. Na categoria de bens de alta tecnologia (menos de 0,01% das exportações), estavam medicamentos, máquinas e equipamentos mecânicos (máquinas automáticas para processamento de dados) e instrumentos e aparelhos de geodesia.
Os dois principais municípios exportadores na região foram São Gonçalo do Rio Abaixo (minério de ferro), com participação de 34,9% na pauta de exportações da RGInt, e Belo Oriente (pasta de madeira), com 25,5% de participação. Rio Piracicaba (minério de ferro) foi o terceiro polo exportador da RGInt, tendo respondido por 14% da pauta. Principal município da RGInt, Ipatinga foi apenas o quarto polo de exportação (7%).
De acordo com o professor do Cefet/Timóteo, Romerito Valeriano, a apresentação dos dados socioeconômicos da RGInt de Ipatinga pelos pesquisadores da FJP reforçou a importância de se fazer a análise da região como um conjunto e não separadamente por município. “A interdependência é ainda maior por ser a única Região Metropolitana em que não está a capital. Isso mostra que a interdependência entre municípios é muito grande, então não dá pra pensar no desenvolvimento dessa região de forma separada, tem que pensar no conjunto”, concluiu.
Assessoria de Comunicação Social – Fundação João Pinheiro
Informações: comunicação@fjp.mg.gov.br