RGInt de Teófilo Otoni é tema de webinar realizado pela Fundação João Pinheiro
Durante o evento, pesquisadores e convidados traçaram um panorama socioeconômico da região
A caracterização socioeconômica da Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Teófilo Otoni foi o tema do webinar realizado nesta quinta-feira (17) pela Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e a Associação Mineira de Municípios (AMM), e com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Com uma população de 1,22 milhão de pessoas, que corresponde a 5,8% da população total de Minas Gerais, e ocupando uma área territorial de 77.921,27 km2, equivalente a 13,28% da área total do estado, na RGInt de Teófilo Otoni estão localizados 18,3% dos municípios carentes do estado, e 21,6% da população do estado que vivem em municípios carentes, de acordo com os critérios adotados pelo Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS). Do total da população da RGInt, 36% vive na zona rural e o único município com mais de 100 mil habitantes é Teófilo Otoni.
A esperança de vida ao nascer em 2010 na RGInt de Teófilo Otoni era de 73,2 anos, enquanto em Minas Gerais era de 75,3 no mesmo período. Segundo o pesquisador Olinto Nogueira, em 2020, houve um decréscimo de cinco meses na esperança de vida ao nascer na região, devido ao impacto da pandemia da Covid-19, que resultou em 467 óbitos. “Para 2021, entre janeiro e maio, já foram 899 óbitos, então já se espera uma queda muito maior nesse indicador”, destaca.
Em relação à migração demográfica, mais de 50 mil pessoas deixaram a região em 2010. Naquele ano, a taxa de fecundidade foi medida em 2,3 filhos por casal.
Constituída por 86 municípios, dos quais 55 pertencentes ao Vale do Jequitinhonha, a RGInt obteve participação média de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual entre 2010 e 2018. A contribuição da RGInt de Teófilo Otoni para o PIB estadual oscilou positivamente de 2,2% em 2010 e 2013 para 2,4% em 2016 e 2018. Na região, o PIB per capita evoluiu de R$ 6,5 mil em 2010 para R$ 11,9 mil em 2018, o que, naquele ano, correspondia a 40,6% da média estadual.
O município de Teófilo Otoni concentrou 17,3% do PIB da RGInt em 2018, os quais, somados às participações dos municípios de Diamantina (5,2%), Nanuque (4,9%), Capelinha (4,4%), Almenara (3,7%) e Itamarandiba (3,5%), perfizeram 39,1% do total. No recorte dos municípios, o Vale do Jequitinhonha correspondeu a 57,8% do PIB da RGInt, 26,3% relativos ao Alto e 31,5% ao Médio-Baixo Jequitinhonha.
Em relação à participação dos setores na economia regional, aproximadamente oito em cada dez municípios da RGInt de Teófilo Otoni tiveram na administração pública sua principal atividade econômica em 2018. Naquele ano, o setor de serviços representou 80,9% do valor adicionado bruto (VAB) da RGInt, 43,7% tendo sido relativos aos serviços privados (R$5,9 bilhões), em que se destacaram as atividades imobiliárias e o comércio, assim como o resultado favorável da intermediação financeira, dos serviços de informação e comunicação e das atividades profissionais.
Segundo o economista Raimundo Leal, pesquisador da FJP, além de questões históricas de ocupação, um problema enfrentado pela RGINt de Teófilo Otoni é o fato de estar cercada por áreas com baixo dinamismo econômico. “É fundamental um grande investimento nessa região para alavancar as vias de comércio com outros territórios que já estão apresentando maior dinamismo”, pontua.
Em 2020, as exportações estaduais registraram crescimento de 4,3%. Entretanto, nesse mesmo ano, as exportações da RGInt de Teófilo Otoni retraíram-se 30,3%, refletindo a queda das exportações de carnes e miudezas e de pedras preciosas, principais produtos exportados pela região.
No que se refere aos indicadores de saneamento básico, segundo informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), em 2018, 93,7% da população residente nas áreas urbanas da RGInt contavam com rede de abastecimento público de água; 27,9% dos municípios da região possuíam cobertura urbana universalizada de água e 71,7% da população urbana eram atendidos por rede de esgotamento sanitário, enquanto 48,8% dos municípios da RGInt possuíam menos de 40% de esgoto tratado em relação à água consumida.
Ana Ledic, analista legislativa da ALMG, chama atenção a riqueza de dados produzidos pela FJP. “Esses dados aqui divulgados deveriam nortear todas as políticas públicas”, afirma.
“O que podemos resumir a partir dos dados sociais e econômicos apresentados é que é fundamental que haja uma ação coordenada para que seja possível melhorar essa homogeneidade de indicadores ruins. Temos muitas questões que estão aquém da média estadual e nacional e se não tivermos uma ação com ganho de escala e uma cooperação entre os municípios para maximizar os ganhos nos produtos e serviços, não é possível melhorar essas condições”, declara a coordenadora do Programa de Pós Graduação em Administração Pública da UFVJM, Mirelle Quintela.
“A ideia de produzir uma série de 13 webinários sobre as regiões mineiras, e esse é o nosso terceiro, é realmente difundir informações e fazer chegar aos gestores, às universidades, aos municípios, dados como esses que precisam ser mais bem explorados em ações conjuntas”, conclui a diretora de Estatística e Informações da FJP, Eleonora Santos.
Os dados e as análises estão disponíveis no site da Fundação João Pinheiro: https://fjp.mg.gov.br/regiao-geografica-intermediaria-de-teofilo-otoni/