Perfil socioeconômico da região de Varginha é apresentado pela FJP
No oitavo evento da série que retrata dados e indicadores das Regiões Geográficas Intermediárias de Minas Gerais, pesquisadores da FJP analisaram as características dos 82 municípios que compõem a RGInt localizada no sul do Estado
A Fundação João Pinheiro (FJP) realizou, na quinta-feira, 26 de agosto, o webinar Compreendendo as Características Socioeconômicas da Região Geográfica Intermediária de Varginha. Esse foi o oitavo de uma série de 13 eventos dedicados à apresentação da situação social e econômica das regiões mineiras. Realizada em parceria com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e a Associação Mineira de Municípios (AMM), esta edição da série contou com as participações dos convidados Regina Magalhães (ALMG) e Débora Lima, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal).
A Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Varginha é composta por 82 municípios que somam 36.871,72 quilômetros quadrados (6,28% da área total de Minas Gerais). Nela, vivem 1,6 milhão de pessoas, o que corresponde a 7,9% da população mineira.
Aspectos sociais – De acordo com o Censo Demográfico de 2010, entre as 13 RGInt de Minas Gerais, a de Varginha era a quarta maior em termos populacionais, atrás das RGInt de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Montes Claros. O tamanho da população está diretamente relacionado à quantidade de municípios da RGInt, o que, de certa forma, compensa as características dessas localidades, que são muito pequenas e têm baixas taxas médias de crescimento populacional. “Entre 2000 e 2010, a RGInt teve uma taxa de crescimento populacional de 0,91% ao ano. No período, São Bento Abade registrou o maior crescimento, com 2,2% ao ano, e São Pedro da União o menor, de -0,9% ao ano”, exemplificou a pesquisadora da FJP Denise Maia.
Segundo o Índice Mineiro de Responsabilidade social, dos 82 municípios da RGInt, apenas 3,7% têm o índice entre os piores de Minas Gerais. “A região está melhor que o estado na dimensão Educação e, em saúde, está bem próxima do índice estadual, por exemplo”, observou a pesquisadora da FJP Priscilla Costa.
Saneamento – Dos 82 municípios da RGInt de Varginha, 21 (25,6%) declararam, em 2018, possuir política e 20 (24,4%), plano municipal de saneamento básico. Do total de municípios, somente 20,7% declararam contar com ambos os instrumentos de planejamento.
Em relação à cobertura de rede de abastecimento público de água, 73,2% possuíam o serviço de abastecimento provido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa); 4,9% pelas prefeituras; 14,6%, por serviços autônomos de água e esgoto (SAAE); e 2,4% por Departamento de Água e Esgoto. “A maioria dos municípios da RGInt de Varginha apresenta cobertura de água acima de 90% e, destes, 23 têm cobertura universalizada”, explicou Cláudio Cançado, pesquisador da FJP.
Quanto à cobertura de rede de esgotamento sanitário na RGInt, 23,2% recebiam o serviço pela Copasa; 13,4%, por SAAE; 2,4%, por empresas privadas; e 40,2%, por prefeituras. “Na RGInt de Varginha, 22 dos 82 municípios destacam-se com 100% de cobertura de coleta de esgoto. Por outro lado, o município de Cambuquira se destaca por não dispor de cobertura alguma de coleta de esgoto”, afirmou Cançado.
Em 2018, 40,2% dos municípios da RGInt não possuíam qualquer tipo de tratamento de esgoto e outros 14,6% tratavam menos de 50% do esgoto coletado. Os maiores percentuais de tratamento foram observados em Bom Sucesso (97,3%), Ijaci (89,2%) e São João Batista do Glória (79,1%). De acordo com o SNIS, em 2018, os municípios de Carvalhópolis, Conceição da Aparecida, Itutinga, Poço Fundo, Santo Antônio do Amparo e Serrania possuíam 100% de tratamento do esgotamento coletado.
Atividade econômica – A contribuição da RGInt de Varginha para o PIB estadual decresceu de 6,6% em 2010 para 6,0% em 2013, expandiu-se para 7,0% em 2016 e daí decresceu novamente, para 6,5%, em 2018.
A contribuição regional para o Valor Adicionado Bruto (VAB) da indústria estadual oscilou de 3,4% em 2010 para 4,3% em 2013 e daí, para 3,1% em 2016 e 3,5% em 2018. A contribuição regional para o VAB do comércio e demais serviços privados oscilou de 6,9% em 2010 para 6,4% em 2013, 6,8% em 2016 e 6,6% em 2018. Com participação mais expressiva na economia estadual, a agropecuária da RGInt registrou 14,7% em 2010, 11,2% em 2013, 16,0% em 2016 e 13,7% em 2018. Na administração pública, houve forte estabilidade na participação da RGInt no período considerado: 7,5% em 2010, 2013 e 2016 e 7,6% em 2018.
PIB per capita – Em valores correntes, o PIB per capita de Minas Gerais evoluiu de R$ 17,9 mil em 2010 para R$ 23,7 mil em 2013, R$ 25,9 mil em 2016 e R$ 29,2 mil em 2018. Na RGInt de Varginha, a evolução foi de R$ 15,1 mil para, respectivamente, R$ 18,3 mil, R$ 23,2 mil e R$ 24,4 mil. Em termos proporcionais, o PIB per capita regional correspondia a 84,1% da média estadual em 2010, a 77,2% em 2013, a 89,3% em 2016 e a 83,5% em 2018.
Exportações – Em 2019 a RGInt de Varginha registrou participação de 10,9% nas exportações de Minas Gerais, a terceira maior do estado, atrás apenas das RGInt de Belo Horizonte e de Uberaba. A série de 2010 a 2019 das exportações da RGInt de Varginha foi determinada pela evolução do café, produto que representou, em média, 86% do total exportado no período.
“A RGInt de Varginha é uma das principais produtoras agropecuárias e a maior no cultivo e exportação de café do estado. A produção distribui-se em todos os 82 municípios e as exportações, em mais de 20. Varginha, Guaxupé, Alfenas, São Sebastião do Paraíso, Piumhi e Três Corações concentraram, em 2019, 96,4% do valor exportado”, explicou a pesquisadora Carla Aguilar.
Em 2019, os seis principais produtos exportados pela RGInt de Varginha (exceto café), perfizeram 5,9%: partes e acessórios de veículos representaram (1,3%), algodão (1,1%), soja (0,9%), resíduos e desperdícios das indústrias alimentares (0,8%), açúcares (0,8%), carnes (0,5%).
Varginha e Guaxupé concentraram 74,4% das exportações da RGInt, com predominância do café. Com 42,9% de participação na pauta da região, Varginha exportou, além do café (94,8%), algodão (2,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (0,8%), produtos químicos inorgânicos (0,6%), soja (0,6%) e plásticos (0,4%). Já Guaxupé registrou participação de 31,5% nas exportações da RGInt, unicamente de café.
Alfenas teve participação de 9,7% na pauta da RGInt, com café (94%), soja (4,6%), algodão (1,3%) e filamentos sintéticos (0,4%). São Sebastião do Paraíso, com participação de 4,7%, também registrou predominância das exportações de café (91,7%), produtos farmacêuticos (4,4%), calçados (2,2%), couros e peles e obras de couro (1%) e outros móveis e partes (0,7%). Três Corações, com 3,9% de participação nas exportações da RGInt de Varginha, distribuiu sua pauta em café (34,9%), preparações utilizadas na alimentação animal (19,8%), partes e acessórios de veículos (17,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7,5%), máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (5,4%), preparações à base de cereais (5,2%), soja (4,2%), obras de pedra, gesso, cimento, amianto (3,3%) e preparações alimentícias diversas (1,2%).
Acesse os informativos técnicos sobre a RGInt: https://fjp.mg.gov.br/regiao-geografica-intermediaria-de-varginha/