FJP apresenta perfil socioeconômico da região de Pouso Alegre

Pesquisadores analisaram dados e indicadores dos 80 municípios que compõem a Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Pouso Alegre, localizada no sul do estado

A Fundação João Pinheiro realizou, na quinta-feira, 16 de setembro, o webinar Compreendendo as Características Socioeconômicas da Região Geográfica Intermediária de Juiz de Fora. Parte da série de eventos dedicados à apresentação da situação social e econômica das regiões mineiras, o webinar foi realizado em parceria com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e a Associação Mineira de Municípios (AMM). Nesta edição, além dos pesquisadores da FJP, participaram o presidente da instituição, Helger Marra, e o reitor do Instituto Federal Sul de Minas, Marcelo Bregagnoli.

“Esse é o 9º webinar dessa série sobre as características socioeconômicas das RGInt de Minas Gerais e isso é motivo de satisfação para nós porque são oportunidades de trocar e dividir com o público conhecimentos e análises sobre Minas Gerais que temos acumulado, afirmou o presidente da Fundação João Pinheiro, Helger Marra, na abertura do evento.

Aspectos sociais – A Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Pouso Alegre é composta por 80 municípios que somam 20.717,51 quilômetros quadrados (3,53% da área total de Minas Gerais). A participação relativa da população da RGInt de Pouso Alegre no total da população do estado era de 6,1% (1,2 milhão de habitantes) de acordo com o último censo demográfico brasileiro (2010).

Em termos populacionais, a região era a quinta entre as 13 RGInt de Minas Gerais, atrás de Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros e Varginha. No entanto, o tamanho da população da RGInt é diretamente relacionado ao número de municípios e não à taxa de crescimento populacional, de 1,1% ao ano entre 2000 e 2010. “De acordo com as estimativas populacionais do IBGE de 2020, a maioria dos municípios da RGInt eram de porte médio. Apenas Poços de Caldas, Pouso Alegre e Itajubá tinham população acima de 50 mil habitantes, enquanto 55% dos municípios tinham menos de dez mil habitantes”, explicou a pesquisadora Denise Maia.

De acordo com o Índice Mineiro de Responsabilidade social, somente 2,5% dos municípios da RGInt são carentes e 43,8% são afluentes*, percentuais que, no estado, ficam em 25% e 25,1% respectivamente. Apenas 0,4% da população vive em municípios carentes e 67,7% vivem em municípios afluentes, enquanto, no estado, esses percentuais são de 10,3% e 58,4%.

Considerando-se o IMRS, na RGInt de Pouso Alegre, estão localizados apenas 0,9% dos municípios carentes do estado e 0,2% da população do estado que vive em municípios carentes; por outro lado, a RGInt concentra 16,4% dos municípios afluentes do estado e 7,1% da população do estado que vive em municípios afluentes. “A RGInt tem apenas dois municípios entre aqueles que têm os piores índices no estado. A situação geral da região é bem melhor que a do estado na maior parte das dimensões, apenas Educação e Saúde estão mais próximas à média do estado”, observou a pesquisadora Priscilla Costa.

Saneamento – Em 2018, dos 80 municípios da RGInt de Pouso Alegre, 11 (13,8%) declararam possuir política e 16 (20,0%) plano municipal de saneamento básico, com percentuais de política e de plano bem abaixo da média estadual de 30,7% e de 41,6% respectivamente. Apenas 13,8% dos municípios declararam contar com ambos os instrumentos de planejamento.

Dos 80 municípios da RGInt, 53,6% recebiam serviço de abastecimento provido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa); 23,8% pelas Prefeituras; e 11,3% por Serviços Autônomos de Água e Esgoto (SAAE). De acordo com o SNIS, em 2018, 97,4% da população residente nas áreas urbanas da RGInt contavam com rede de abastecimento público de água – percentual superior à média do estado, de 93,4%. Nesse mesmo ano, 40% dos municípios da RGInt possuíam cobertura urbana universalizada de água e 90,7% da população urbana era atendida por rede de esgotamento sanitário, média superior à do estado, que era de 82,0%.

Em 2018, 62,5% dos municípios da RGInt não possuíam esgoto tratado em relação à água consumida e 33,8% apresentaram percentual acima de 20%. Os maiores percentuais de tratamento foram observados em Pouso Alegre (77,9%), Bom Repouso (76,8%), Bueno Brandão (75,4%), Caxambu (74,6%) e Santa Rita do Sapucaí (74,3%).

No período, os aterros controlados eram o destino principal dos resíduos (52,8%,), seguidos pelos aterros sanitários (37,8%), pelos lixões (1,6%), pelas unidades de triagem (7,6%) e pelas unidades de compostagem (0,2%). “Na RGInt, 17% dos municípios ainda destinam seus resíduos sólidos de maneira ambientalmente inadequada e 56% contam com destinação correta”, observou o pesquisador Plínio Campos.

Atividade econômica – A contribuição da RGInt de Pouso Alegre para o PIB estadual teve expansão contínua de 5,6% em 2010 para 6,1% em 2013, 7,0% em 2016 e 7,4% em 2018. Três municípios concentraram 54,8% do PIB da RGInt em 2018: Extrema obteve a maior participação, com 21%, seguido por Poços de Caldas (16,9%) e Pouso Alegre (16,8%).

No intervalo entre 2010 e 2018, ocorreram mudanças expressivas na composição setorial da produção e no peso da economia da RGInt de Pouso Alegre para o total estadual: a contribuição regional para o VAB da indústria estadual permaneceu, inicialmente, quase estável, evoluindo de 4,8% em 2010 para 4,9% em 2013 e, daí, se ampliou expressivamente para 6,6% em 2016, retrocedendo para 6,1% em 2018. A contribuição regional para o VAB do comércio e demais serviços privados sustentou a expansão contínua da participação regional no PIB estadual, passando de 5,7% em 2010 para 6,4% em 2013, 7,1% em 2016 e 7,8% em 2018. Na agropecuária, a participação da RGInt na economia estadual oscilou ao longo do tempo: de 7,2% em 2010 para 6,5% em 2013, 6,8% em 2016 e 6,1% em 2018. Na administração pública, houve pouca alteração na participação da RGInt: 6,1% em 2010 e 2013, 6,2% em 2016 e 6,3% em 2018.

PIB per capita – Em valores correntes, o PIB per capita de Minas Gerais evoluiu de R$ 17,9 mil em 2010 para R$ 23,7 mil em 2013, R$ 25,9 mil em 2016 e R$ 29,2 mil em 2018. Na RGInt de Pouso Alegre, ele o fez de R$ 16,5 mil para, respectivamente, R$ 23,6 mil, R$ 29,6 mil e R$ 35,1 mil. Em termos proporcionais, o PIB per capita regional correspondia a 91,8% da média estadual no início do período considerado, em 2010; a 99,7% no final da primeira fase, em 2013; a 114,1% no final da segunda fase, em 2016; e a 120,1% no final do período, em 2018

Exportações – Em 2020, as exportações estaduais tiveram crescimento de 4,3%, enquanto as da RGInt de Pouso Alegre sofreram retração de 10,3%, principalmente em razão da retração das exportações de máquinas e equipamentos mecânicos, especialmente das partes reconhecidas como exclusivas ou principalmente destinadas aos motores. Em termos de participação, as exportações da RGInt de Pouso Alegre corresponderam a 2,6% do total, inferior à registrada em 2019 (3,4%), mas idêntica à média registrada no período de 2010 a 2020.  

“O principal produto exportado foi o café, que respondeu por 44,7% das exportações em 2020. Apesar da queda absoluta de 2,9% em valor e de 5,7% em volume, a participação relativa aumentou 3,4 pontos percentuais (p.p)”, explicou a pesquisadora Carla Aguilar.  A exportação de máquinas e equipamentos mecânicos recuaram 23,7% em valor. Nesse grupo, os principais produtos exportados são as partes reconhecidas como exclusivas ou principalmente destinadas aos motores (54,1%) e os veios de transmissão (25,9%), que tiveram queda em valor em 2020 de, respectivamente, 15,2% e 1,4%.

As máquinas e equipamentos elétricos foram o terceiro principal grupo de produtos exportados, registrando aumento de participação de 0,7 p.p. e alcançando 8,6% do total. Em termos de valor, houve redução de 1,8% do valor exportado. Os principais produtos exportados foram os transformadores elétricos (44,4%) e os fios, cabos e outros condutores (27,4%). No primeiro caso, o valor exportado aumentou 2,9%; no segundo, reduziu em 17,11%.

*O IMRS extrapola a construção do índice IMRS, que é formado a partir de 42 indicadores selecionados de um total de mais de 700 indicadores, disponibilizados na Plataforma do IMRS (http://imrs.fjp.mg.gov.br/). A metodologia do IMRS considera carentes os municípios com índices ou indicadores iguais ou inferiores ao valor do município situado na 213ª posição da distribuição dos municípios do estado quando eles são ordenados do pior para o melhor valor, e afluentes os municípios nessa mesma situação quando a ordenação é feita do melhor para o pior valor.