Caracterização socioeconômica da RGInt de Montes Claros foi tema de webinar da FJP

Evento é parte de uma série de apresentações sobre as 13 regiões mineiras

A Fundação João Pinheiro (FJP) realizou na tarde da última quinta-feira, 27 de maio, o webinar Compreendendo as Características Socioeconômicas da Região Geográfica Intermediária de Montes Claros, segundo evento de uma série de 13 sobre as regiões mineiras, em parceria com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e com a Associação Mineira de Municípios (AMM).

A geógrafa Priscila Costa, pesquisadora da FJP, iniciou as apresentações com o atual recorte de regionalização no Brasil, criado em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Em Minas Gerais temos 70 regiões geográficas imediatas, agrupadas em 13 regiões geográficas intermediárias (RGInt), nomeadas a partir do município polo”.

Em relação aos dados territoriais, apresentados pelo pesquisador Eder Silva, a RGInt de Montes Claros possui uma área de 124.063,79 quilômetros quadrados, o equivalente a 21,14% da área total de Minas Gerais, sendo que nenhum deles possui área inferior a 100 quilômetros quadrados. “Um dado que chama a atenção é que dos seus 86 municípios, 41 foram criados na década de 1990”, apontou o pesquisador. 

O pesquisador Olinto Nogueira trouxe os dados demográficos. “Os 86 municípios da região são responsáveis por 8% da população mineira, 1,67 milhão de habitantes, sendo Montes Claros o único com mais de cem mil habitantes. Embora muito extensos, a densidade habitacional é baixa”, explicou. “Entre os anos de 1991 e 2010, houve acentuada queda do número de filhos por mulher, de 4,2 para 2,1, o suficiente apenas para repor o casal”, pontuou.

De acordo com a pesquisadora Vera Scarpelli, coordenadora do Núcleo de Indicadores Sociais, 61,6% dos municípios dessa RGInt estão entre aqueles com menor resultado apurado pelo Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS). “Dos 25% com piores índices no estado, 53 estão na RGInt de Montes Claros, o que representa mais de 60% dos municípios da região. Os piores resultados estão nas dimensões vulnerabilidade, saneamento/meio ambiente e cultura/esporte”.

Os dados de saneamento foram apresentados pelo pesquisador Frederico Poley, que destacou, entre outros, o Índice do Déficit de Saneamento Básico, que envolve as dimensões abastecimento de água, esgotamento e manejo de resíduos sólidos. “Mais de 60% dos municípios não possuem informação sobre os indicadores e por isso não puderem entrar no cálculo do índice. Dentre aqueles com informações, 26 (30%) estão acima de 45% da meta a ser alcançada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico”. Ainda de acordo com o pesquisador, “52% dos municípios (45) possuem de 90,1% a 100% de cobertura de água (meio urbano), enquanto apenas três deles (4%) tem uma cobertura da coleta de esgoto acima de 80%. Em relação aos resíduos sólidos, 43% dos municípios contam com uma destinação ambientalmente inadequada, sendo que 36% não tem informação disponível para o cálculo desse indicador”.

A Região Geográfica Intermediária de Montes Claros respondeu, em 2018, a 4,2% do Produto Interno Bruto mineiro, com concentração econômica nos municípios de Montes Claros (36,7%), Pirapora (8,9%) e Janaúba (4,4%). “Em termos de participação dos grandes setores, os serviços respondem a 74,4%, a indústria a 17,5% e a agropecuária a 8,1%”, apontou o pesquisador Lúcio Barbosa.  “Já os setores-chaves, aqueles impulsionadores do crescimento econômico, são informação e comunicação, intermediação financeira, energia elétrica e construção civil”.

De acordo com o coordenador de Contas Regionais, Raimundo Souza Leal, cinco municípios foram responsáveis por mais da metade do PIB de toda a RGInt em 2018: Montes Claros, Pirapora, Janaúba, Bocaiuva e Várzea da Palma. Já o PIB per capita foi de R$ 15,4 mil, valor da renda gerada ao longo de doze meses.

“O que chama atenção em relação aos dados é que tamanho não é documento. Quinze municípios tiveram em 2018 um PIB inferior a R$ 200 milhões e nem por isso deixaram de ter bom posicionamento no que diz respeito a esse índice da produtividade econômica média dos recursos do território – o PIB per capita”, pontuou Leal. Adicionalmente, em 74 municípios, a administração pública foi a principal atividade econômica em 2010. Nos demais, predominaram a agricultura, produção florestal, indústrias de transformação e serviços privados.

No que se refere ao comércio internacional, a RGInt de Montes Claros tem uma baixa participação no total do estado, respondendo por apenas 3% em 2020. Os principais produtos exportados são químicos inorgânicos, com destaque para o hidrogênio; produtos farmacêuticos, com destaque para  insulina; ouro, ferro fundido, ferro e aço, soja, carnes e miudezas.

“O principal destaque das exportações, é que essa RGInt, diferente das demais, exporta muitos produtos que são intensivos em alta e média tecnologia – os produtos farmacêuticos e os gases industriais, que respondem por 46,8% da pauta; além disso,  ouro, ferro fundido e aço correspondem a 29,7% das exportações”, destacou o pesquisador Lúcio Barbosa.

Para a consultora legislativa Regina Magalhães, da ALMG, a base de dados e os informativos produzidos pela FJP são muito importantes para apoiar a gestão dos municípios e seu autoconhecimento. “É fundamental trabalhar com indicadores para o planejamento de políticas públicas para oferta de bens e serviços para a população, pois eles possibilitam enxergar as evidências e comparar o comportamento de determinada realidade ao longo do tempo e também uma mesma realidade entre territórios diferentes”, apontou.  A moderadora Sara Antunes, professora da Unimontes, também pontuou a necessidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento e o olhar para a região, ainda carente de investimento. Ainda segunda Sara Antunes, as estatísticas socioeconômicas, bem como as produções técnicas em formato de Informativo FJP, retratam bem as especificidades da região.

A diretoria de estatística e informações (Direi) da FJP representada atualmente por Eleonora Cruz Santos, responsável pela organização e dinâmica do evento, reforça em sua fala de abertura a importância das produções estatísticas da FJP para os municípios como instrumento de análise e subsídio à definição de políticas públicas locais. A Direi tem feito, na atual gestão, esforço contínuo no sentido de organizar suas produções de forma regionalizada, para chegar mais próxima dos gestores municipais e subsidiá-los em suas decisões. Os dados são fundamentais tanto para gestores, como para acadêmicos, sociedade civil e setor privado. Queremos todos conhecendo e fazendo uso de informações tão relevantes para suas análises e tomadas de decisão.

Todos os dados e análises estão disponíveis no site da Fundação João Pinheiro: www.fjp.mg.gov.br.